QUE NADA NOS DEFINA. QUE NADA NOS SUJEITE. QUE A LIBERDADE SEJA A NOSSA PRÓPRIA SUBSTÂNCIA.
Simone de Beuvoir

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

BLOG DO TIM CONTRA O RACISMO


O IMPACTO DO RACISMO NA INFÂNCIA
É difícil admitir, mas ainda somos um país racista. Quase ninguém gosta, ou está acostumado a falar sobre desigualdade e discriminação racial – acha que isso não acontece ou prefere acreditar que não existe preconceito racial. Só que os números não mentem: o racismo existe no Brasil, e ele afeta a vida de milhões de crianças negras e milhares de crianças indígenas desde os primeiros anos de vida. É por isso que vamos falar sobre o assunto. É preciso discutir o tema e contribuir para uma infância e adolescência sem racismo.
Todos são iguais perante a lei e possuem os mesmos direitos e deveres, mas, infelizmente, as estatísticas comprovam que nem todos têm acesso ao que lhes é assegurado por direito. Ao longo de décadas, alguns grupos permaneceram abaixo de indicadores sociais e econômicos aceitáveis, apesar do crescimento econômico e social registrado no país. Populações indígenas e negras fazem parte desse contingente de pessoas excluídas. Vejamos os números:
Segundo dados do IBGE, no Brasil, 65 de cada 100 crianças pobres são negras. As crianças indígenas são minoria - cerca de 100 mil - mas é entre elas que ocorre o maior número de mortes antes de um ano de vida. De acordo com a Funasa, em 2009 foram registradas 42 mortes de crianças indígenas para cada mil nascidas vivas. Um número muito maior do que a taxa média nacional – 19 mortes para cada mil crianças.
Quando a gente compara os dados da educação, a desigualdade persiste. Segundo o IBGE, das 530 mil crianças de 7 a 14 anos fora da escola, 330 mil são negras e 190 mil são brancas. A discriminação racial também é registrada nos números da violência. Os adolescentes negros têm quatro vezes mais chances de serem assassinados em comparação aos adolescentes brancos, nas cidades com população acima de 100 mil habitantes.
Foi pensando nos efeitos da desigualdade racial que, há um ano, o UNICEF e seus parceiros lançaram a campanha Por uma infância sem racismo. A cada dia, a campanha envolve mais e mais pessoas. Ela serve como um alerta sobre os impactos do racismo na infância e na adolescência e a necessidade de uma mobilização social que corra atrás do respeito e da igualdade étnico-racial desde os primeiros dias de vida.
Desde novembro de 2010, a campanha tem agregado pessoas, organizações e governo para garantir os direitos de cada criança e adolescente do país, incluindo as crianças negras e indígenas. No Brasil muitas ações importantes são criadas para beneficiar a criança, mesmo assim as políticas públicas encontram dificuldades para alcançar essas crianças. A única forma de encarar o problema é reconhecer a existência do racismo, valorizar a diversidade e lutar pela igualdade. As diferenças devem ser motivo de orgulho e não de discriminação.
Todo mundo pode participar da campanha. É só entrar no site www.infanciasemracismo.org.br e ver as sugestões do que cada um pode fazer. Dê suas ideias, opiniões, conte sua história, apoie projetos sociais que promovam a igualdade étnico-racial.
É importante chamar a atenção de todos sobre os impactos do racismo no desenvolvimento de uma criança. Algumas ações discriminatórias começam cedo, muitas vezes disfarçadas de supostas brincadeiras, que podem parecer inocentes, mas por meio delas as diferenças são desrespeitadas. Algumas frases racistas como "tição" e "cabelo ruim" são ouvidas durante a convivência com outras crianças. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem marcar para sempre a vida de meninos e meninas. Chame a atenção do seu filho, da sua filha, e esteja sempre alerta se isso acontecer.
Por incrível que pareça, muitas vezes o racismo vem de dentro de casa. Você pode achar que não, mas a criança aprende a discriminar apenas por ver os adultos discriminando. Respeite as diferenças e eduque as crianças para respeitá-las também. É preciso ensinar os jovens a reconquistar valores e atitudes que contribuem para reconhecer a riqueza e a beleza que existe na diversidade brasileira. Essa diversidade ajuda a gerar uma sociedade mais justa. As crianças também têm o direito de ser reconhecidas em suas próprias identidades. Elas precisam ter segurança e se orgulhar de suas origens.
Atenção, papai e mamãe: se seu filho ou filha foi discriminado ou discriminada, dê o seu apoio. Mostre que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usar de seus direitos igualmente. E denuncie! Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa no Conselho Tutelar do seu município, nas ouvidorias dos serviços públicos e nas delegacias de proteção à infância e adolescência.
Sabia que racismo é crime? A Constituição de 1988 tornou a prática do racismo crime sujeito à pena de prisão, imprescritível e inafiançável. Ou seja, o acusado não poderá obter a liberdade provisória mediante o pagamento de fiança. Não esqueça: a discriminação é uma violação de direitos. Mas, antes de fazer qualquer denúncia, é importante que tenha em mãos todos os detalhes do momento em que sofreu o preconceito, como data, local, situação e, se possível, o contato de testemunhas, pessoas que estavam presentes quando a ação de discriminação foi realizada.
Uma dica para você, mamãe e papai, eduquem as crianças para o respeito à diferença... Na hora de comprar bonecas, por exemplo, vocês podem levar uma branca, outra negra, ou uma de origem oriental. Assim, a criança aprende brincando que existem diferenças na sociedade onde ela mora. É legal incentivar os filhos a serem amigos de todos, independente da cor da pele, do tipo de cabelo ou do modo de falar, ou de se vestir. As diferenças enriquecem nosso conhecimento. Ah, outra coisa muito importante é proporcionar e estimular a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, em casa, na escola, ou em qualquer outro lugar.
De acordo com a Constituição brasileira, todos os seres humanos têm direitos, independente de raça, cor ou religião. Infelizmente, esses direitos da cidadania muitas vezes não são respeitados em função de um racismo ainda existente no Brasil. Cada um de nós tem um papel na sociedade e pode ajudar a garantir uma infância livre da discriminação e plena de oportunidades. As raças não são nem superiores, nem inferiores, elas são diferentes. Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada. Além da família, as escolas, os serviços de saúde, os policiais, todas as autoridades e profissionais que se relacionam com as crianças e adolescentes devem ter um compromisso com a igualdade e a superação do racismo.
Fonte: RADIO PELA INFÂNCIA - UNICEF

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O BLOG DO TIM AGRADECE PELA SUA PARTICIPAÇÃO.